Dúvidas comuns sobre a gestação de mulheres portadoras de doenças inflamatórias intestinais


Há alguns dias abordamos as principais dúvidas de mulheres portadoras de doença de Crohn ou retocolite ulcerativa. Hoje reunimos algumas dúvidas para fazer esse texto.

Você pode ler mais sobre as principais dúvidas femininas clicando aqui.
Já fizemos um texto sobre gestação e doença inflamatória intestinal e você pode ler clicando aqui.

Lembrando o que falamos nesses textos, se a concepção tiver ocorrido quando a doença estava em remissão, você tem imensa chance de a doença não atrapalhar a sua gestação. O risco se dá quando a doença estava ativa na hora quando você engravidou, principalmente se for doença de Crohn. Mas vamos às outras dúvidas.

As doenças inflamatórias intestinais podem ter início durante a gravidez?

Há casos em que a retocolite ulcerativa foi descoberta durante a gravidez, mas isso não quer dizer que a gravidez por si só é um fator desencadeador da doença. A doença de Crohn também pode ter início durante a gravidez. Ambas as doenças também podem iniciar no pós parto, mas é extremamente raro.

Que exames podem ser realizados durante a gravidez?

Podem ser realizados de forma segura a retosigmoidoscopia, colonoscopia (a partir do 2º trimestre), endoscopia alta, biópsia retal e ecografia abdominal. A ressonância magnética provavelmente é segura, mas deve ter aval do seu médico. Os exames de raio-X devem ser evitados até o pós parto.

Se uma gravidez se complicar em decorrência da doença em atividade, uma próxima gravidez pode ser igualmente afetada?

Não. Não existem evidências que o percurso de qualquer doença numa gravidez se repita na gravidez seguinte.


É prejudicial usar medicamentos como 5-ASA (pentasa), mesalazina, sulfasalazina ou corticoides (prednisona) durante a gravidez?

Em um estudo feito nos Estados Unidos não ficou evidente que a sulfasalazina ou o corticoide foram prejudiciais ao feto quando ingeridos durante a gravidez. Outro estudo mostrou a segurança de 5-ASA durante a gravidez, sem mais efeitos adversos. Pelo fato de a maior ameaça à gravidez ser a atividade da doença e não a medicação em si, talvez seja melhor não descontinuar o uso durante a gestação. E podendo, até mesmo, serem introduzidos ou aumentados. É importante que gestantes que fazem uso da sulfasalazina tomem suplementação de ácido fólico.

No entanto, essa é uma solução que deve ser tomada em conjunto com o médico e deve-se pesar os prós e contras.

E no pós parto? A mulher que está tomando sulfasalazina ou corticoide (prednisona) pode amamentar o bebê?

Sim, mas como dissemos é uma decisão que tem que ser tomada em conjunto com o médico. A sulfasalazina passa para o leite materno, mas em concentrações muito pequenas e não afetam o bebê. Os medicamentos como 5-ASA, 6-mercaptopurina e azatioprina (Imuran) também parecem não ser prejudiciais ao bebê durante a amamentação.

Já o corticoide deve ser reduzido ou interrompido o quanto antes, mas isso é em qualquer pessoa, independente de gestação ou amamentação. Se a mãe estiver tomando corticoide e quiser amamentar, o pediatra deve estar ciente e de acordo.

Os imunossupressores como azatioprina (Imuran) e 6-mercaptopurina são seguros quando ingeridos durante a gravidez?

Em alguns estudos feitos em animais esses medicamentos causaram danos nos filhotes. Porém, nesses estudos, as dosagens foram muito mais elevadas do que as utilizadas em humanos. Em mulheres que utilizaram esses medicamentos no pós transplante não houveram mais efeitos adversos. Portanto, novamente enfatizamos que essa decisão deve ser tomada em conjunto com o médico a fim de se decidir se manter a doença em remissão é mais importante que o feto correr o risco de ser afetado pela medicação.


E as medicações biológicas como Infliximab e Adalimumab? Podem ser utilizadas durante a gestação?

Como esses medicamentos ainda são muito novos não há muita experiência. Recomenda-se que cada caso seja analisado considerando os prós e contras e pesando os possíveis riscos.


E se houver necessidade de cirurgia devido à doença inflamatória intestinal durante a gravidez?

A cirurgia deve ser adiada o máximo possível para o pós parto mas, se não houver outro modo, ela deve ser feita porque o risco para a mulher é maior se ela não fizer a cirurgia. Já houveram casos de cirurgias tanto de ressecção intestinal como de realização de ostomias durante a gravidez e que tiveram sucesso, mas o fato é que qualquer cirurgia abdominal coloca a sobrevivência do feto em risco.

Há algum problema se a mulher já tiver feito alguma cirurgia intestinal antes da gestação?

Parece que não. O que já se viu é que mulheres com ileostomia podem ocasionalmente sofrer prolapso ou obstrução da ileostomia durante a gravidez. Se for possível, o ideal é que se espere 1 ano após a realização da ilestomia para engravidar, pois assim o organismo tem tempo de se adaptar à nova condição.

Se a mulher tiver abscessos ou fístulas na região perianal a cesariana costuma ser mais indicada.

Os fatores emocionais tem mais impacto durante a gestação?

Não. O estresse emocional pode agravar os sintomas da doença, independentemente da gravidez. Como o pós parto é um período de grandes mudanças físicas e emocionais pode haver um agravamento temporário dos sintomas, mas não é regra.

Gestantes com doença inflamatória intestinal devem seguir uma dieta especial?


A alimentação é a mesma recomendada para qualquer gestante. No caso de a paciente tiver estenose, é recomendada a redução das fibras, mas não por causa da gravidez, por causa da doença mesmo. Suplementação de vitaminas e minerais também podem ser indicados pelo médico.

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