Hoje na Sessão Conte a Sua História vamos ouvir Cecília Marinho,
22 anos de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.
Os primeiros sintomas:
“Desde
criança existiam alguns fatos de dores de barriga, vômitos, enjôos que foram
facilmente confundidos com viroses, infecções e por isso passado despercebido. Quando eu tinha 17 anos, cerca de um mês antes de
fazer a prova do vestibular, comecei a ter muita diarreia. No início cheguei a
pensar que fosse ansiedade por causa do exame que ia prestar, mas o quadro se
agravou bastante, até perceber que era realmente algo sério. Foi quando
tive a minha primeira grande crise. Comecei indo ao banheiro uma ou duas vezes
por dia, até que depois de uma semana, tudo que eu comia virava diarreia.
Cheguei a pesar, se não me engano, 42kg com 1,59. Com certeza, eu fui a
adolescente mais magra do meu baile de formatura.”
“Fiquei
cerca de um mês com os sintomas bem agravados evidenciado pela diarreia
sanguinolenta e forte dores intestinais. Passei pelos melhores médicos de
Natal, mas os diagnósticos apresentados eram os mais variados possíveis, desde
anorexia nervosa, verme, até infecção intestinal. Os remédios passados (que não
eram os corretos) agravavam ainda mais a diarreia, me causando também enjôo
acompanhado de vômito. Cerca de três semanas indo frequentemente aos médicos e
já sem saber o que fazer, minha mãe me levou a uma médica que pediu uma
colonoscopia e diagnosticou meu caso como sendo retocolite ulcerativa. Passei
uma média de dois anos com esta médica, que me receitou corticóide, mezalasina
e lanzoprazol. Só que, quando eu começava a fazer o desmame do corticóide, as
crises de diarreia e dores voltavam. Até que tive uma crise muito forte e minha
mãe resolveu me levar a um médico que já tinham recomendado a nós, Dr. Marco
Zerôncio (meu anjo da guarda). Cheguei a ele fraca, debilitada, sem esperanças,
até que mostrei a minha primeira colonoscopia de 2008 e ele logo identificou
uma inflamação no íleo e disse, ‘Tudo indica que você não tem retocolite
ulcerativa, você tem doença de Crohn. Mas, por via das dúvidas vou passar
outros exames para fechar esse diagnóstico.’ Assim, foi feito outra
colonoscopia, trânsito intestinal e endoscopia e a suspeita dele foi
confirmada.”
“Fiquei
muito angustiada com a notícia. Eu não tinha nem noção do que era Crohn, só de
ouvir a palavra chorei que nem menina pequena no consultório, na frente de todo
mundo. Fiquei realmente bem abalada até me acostumar com a notícia.”
A busca por informações:
“No
próprio consultório já fiz muitas perguntas ao Dr. Marco, o que era o Crohn, o
que eu ia ter que fazer, que remédio eu ia tomar. Mas, somente quando cheguei
em casa pude ter mais noção do que se tratava a doença. Quando joguei no Google
a palavra “Crohn” e os infinitos comentários de pessoas desmotivadas e fotos
horrorosas de intestinos e fístulas me aterrorizaram inicialmente.”
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O tratamento inicial:
“Comecei tomando dois comprimidos de azatriopina e infusão de
remicade. A azatriopina foi reduzida até ser retirada completamente.”
Complicações no decorrer da doença:
“Desde que descobri o que de fato eu tenho, o tão famoso e
temido Crohn (Rsrs), comecei a procurar cada vez mais informações a respeito da
doença, bem como me observar melhor. Logo associei que já tive inflamações no
olho e descobri que tenho intolerância à lactose, tendo que seguir a risca uma
dieta especial. De vez em quando, por ter esse intestino e imunidade super
sensível e uma vida muito corrida, acabo tendo algumas infecções intestinais. Mas
um fato curioso pela baixa de imunidade devido o medicamento, que no final do
ano passado resolvi colocar um brinco na cartilagem da orelha e nesse furo se
instalou uma super bactéria (pseudomona), que eu tive que ficar duas semanas
internada num hospital (então todo o cuidado é pouco, não só com a doença em
si, mas outras complicações consequências dela).”
A mudança de hábitos, o convívio familiar e no trabalho
“Como todo início, foi bem difícil. Apesar de ter um corpo
esbelto, a magreza extrema na primeira crise foi algo bastante chato, pois por
mais que não se tenha intenção, as pessoas te olham de maneira diferente e
acabam fazendo comentários inconvenientes. A família foi bastante solícita em
ajudar no que fosse preciso, mas todos também tiveram que se adaptar com a nova
rotina e alimentação. Na universidade e no trabalho são os casos que mais
pesam, pois é preciso dedicação e esforço total, características da minha
personalidade, que de vez em quando não posso cumprir ao pé da letra, pois às
vezes não estou nas melhores situações. Muitos colegas falam, ‘mas como você
vive doente, como você não aparece mais’ ou em caso de faltas nos trabalhos,
alguns duvidam dos meus sintomas e mandam eu me ‘cuidar’. Queria eu que eles
soubessem o quanto eu já me cuido. Mas, na medida do “impossível” vou cumprindo
minhas tarefas com êxito.”
Conhecimento dos outros sobre a doença:
“Quando eu falo que tenho Crohn, ninguém nem sabe o que
danado é. Na ocasião que precisei ficar internada no hospital, nenhum dos
enfermeiros sabia o que era Crohn. Eu duvido até de médicos que de vez quando
tenho que ir, que não sabem a fundo o que é a doença. Por isso, faço questão de
explicar detalhadamente o que eu tenho e as minhas restrições. A população
precisa realmente saber muito mais sobre o Crohn. Foi nesse boca a boca que
acabei influenciando a descoberta do diagnóstico de outra pessoa.”
Trabalhos de divulgação ou participações em grupos
sobre DII:
“Estou
me formando em jornalismo e fui repórter durante mais de um ano da afiliada da
RedeTV em Natal e cheguei a fazer uma reportagem bem detalhada sobre a doença
de Crohn, assista logo abaixo. Além disso, também dei entrevistas para outras emissoras, bem como sempre que
posso estou escrevendo algo a respeito da doença e explicando as pessoas
leigas.”
Leia também: Conte a sua história Arthur Morais
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O tratamento hoje em dia e como está se sentindo:
Brincando com a bula do Humira |
Esportes e a doença de Crohn:
“Nunca
tive dificuldade em relação a praticar atividade física. Fui bailarina clássica
dos 7 aos 18 anos, ensaiava cerca de três horas por dia, de segunda à
sexta-feira, as vezes até no final de semana, tinha um pique muito bom
inclusive. Mas, com a ocupação de Universidade e trabalho acabou que eu tive
que largar o ballet, não por causa do Crohn e sim por opção. Há um ano, quando
me sobrou um tempo, cheguei a fazer musculação e eu adorei, pois consegui
ganhar uns 2kg, mas na falta de tempo tive que sair. Entretanto já planejo
minha volta. Pelo menos no meu caso, acredito que o exercício físico, se bem
feito, pode ajudar muito, principalmente na questão do aumento da imunidade.”
Se você também quer mostrar a outras pessoas como foi o seu desenrolar da doença, mande-nos uma mensagem (email: crohnecolite@gmail.com) que entraremos em contato.
Ou caso prefira, faça o download do questionário na barra lateral direita do site, complete-o e envie-o para crohnecolite@gmail.com
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